Explorando nossa memória afetiva com a música

Minha primeira memória musical ativa foi com ABBA. Eu devia ter uns 5 anos de idade quando toquei a música “S.O.S.” uma e outra vez no leitor de CD e tentei acompanhar os primeiros compassos da canção no piano. No jardim de infância, eu sempre me divertia muito levando a música de casa e tocá-la lá. Minhas músicas favoritas foram “Let’s Dance” de David Bowie e “Wake Me Up Before You Go-Go” de Wham! Então, não sabia quem era George Michael nem do que estava falando, mas me davam felicidade as melodias. Meu primeiro CD comprado foi o chamado “Maxi-CD” da Depeche Mode “Never Let Me Down Again”, que eu encomendei de uma loja de discos na minha cidade. Ouvia dessa canção muitas vezes em muitos anos e com o tempo mudavam as perspectivas que tinha de ela: Como criança gostava muito do ritmo e meu motivo para ouvir música era principalmente essa sensação do momento. Logo, quando entendi as letras, a minha experiência com a música era mais profunda, porque comecei a refletir sobre o que Dave Gahan falou. E no dia de hoje, eu penso diferentemente sobre as letras que há 10 anos, porque a minha personalidade é diferente também. Saber que tem música acompanhando-me pela vida faz uma grande parte da beleza desse meio para mim.

Hoje, a única mídia que uso para ouvir música são aplicações de streaming, principalmente Spotify e Soundcloud. Quando estou trabalhando no taxi tenho muito tempo para descobrir nova música ou ouvir um longo set sem interrupções. Lá, trabalhando no trânsito meio caótico de Hamburgo, a música eletrônica e o jazz me dão calma.  E às vezes os passageiros falam comigo sobre a música, e isso é um começo de uma conversa agradável.

Muitos anos depois, quando eu era um adolescente, tive muito contato com meu tio que mora em Berlim. Ele me mostrou muita música rock das décadas de 60 e 70. Em lojas em Berlim comprei CDs de segunda mão, como “Heaven and Hell” de Black Sabbath e o álbum ao vivo “In Concert” de The Doors. Ele também teve influência e me recomendou a música clássica. Graças a ele, minha perspectiva sobre a música clássica mudou: Antes era uma coisa pouco interessante, mas depois eu aproveitei muito ouvir às gravações clássicas y atender a concertos até o presente.

Só tive meu primeiro encontro real com a música brasileira em 2019, quando fui ao Brasil com meu amigo Hendrik da UHH para a Escola de Verão da UFMG em Belo Horizonte. No Rio, poucos momentos depois de chegar, fomos a Lapas com amigos brasileiros que conhecemos no albergue. Ambos ficamos totalmente surpresos quando chegamos ao clube porque nenhum dos dois realmente tinha uma ideia das festas funkeiras. Felizmente, durante este tempo tive muitas oportunidades de ouvir música brasileira, no rádio, na Virada Cultural de BH ou em palestras na universidade como parte do programa acadêmico.

Por: Georg Ormann

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