Sou eu quem mando ♪
Essa faixa tem tanto pano pra manga que é difícil saber por onde começar.
Sendo a décima faixa do álbum Trança — motivo que perpassa o disco— Joana Dark é sem dúvida uma das músicas mais inspiradoras e multifacetadas que experienciei nos últimos tempos.
Ó as rainhas
Ó as rainha
Ó as rainhas do pecado tão chegando
As fumacinha
As fumacinha
As fumacinha do pecado eu tô tragando
Cê tá curtindo?
Cê tá gostando?
Mas abre o olho que aqui sou eu quem mando
Sou eu quem mando
Sou eu queimando
Sou eu queimando na fogueira do pecado
Sou eu quem mando
Sou eu queimando
Sou eu queimando na fogueira do pecado
Joana Dark
Joana Dark
Joana da da da da Dark
Joana Dark
Joana Dark
Joana da da da da Dark
Semana inteira
Semana inteira
Queimando erva porque eu sou feiticeira
Cê tá chapado?
O que é que é isso?
Sou eu soprando na sua boca o meu feitiço
Olha a baba
Cê tá babando
Fechando a boca que aqui sou eu quem mando
Sou eu quem mando
Sou eu queimando
Sou eu quem mando na fogueira do pecado
Sou eu quem mando
Sou eu queimando
Sou eu quem mando na fogueira do diabo
Joana Dark
Joana Dark
Joana da da da da Dark
Joana Dark
Joana Dark
Joana da da da da Dark
Dentre todas as faixas contidas no disco, Joana Dark ,é a que mais abarca-se do legado africano na cultura brasileira.
As referências são inúmeras, do galo no terreiro, o bufar do cigarro, o tocar dos atabaques, ao rufar dos tambores e o batuque tão peculiar nos terreiros de umbanda. A faixa é também a mais „funkeira“ do disco, tanto no ritmo quanto no plano lírico que aproxima-se da fala. A repetição do primeiro verso sendo a terceira vez acrescentada de algo mais, assim como a nega da concordância nominal no começo da letra : „Ó as rainhas / As fumacinha“.
Beirando o final da música a batida antes percussionada ganha um ar rock-psicodélico com uso da bateria e da guitarra elétrica tocadas de forma frenética, vão acelerando a cada compasso. A faixa foi escolhida por Ava Rocha para divulgação do disco contendo um videoclipe assaz artístico e farto de formas e cores, está última contrastando com o título adaptado “Dark”. Divergência esta também contida na personagem inspiradora da música: Joana Dark remota á heroína nacional francesa Jeanne d’Arc, santa canonizada simlutaneamente rebelde feiticeira, figura controversa da história medieval européia. Joana quem manda, que queima (erva) e é queimada. Ava traz Joana como símbolo de insubmissão, representando o empoderamento feminino quebrando com tradições patriarcais e declarando aqui, sou eu quem mando.
Por: Letícia Romero
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