Muito santo, pouco sacramento

Uma característica fundamental do catolicismo popular é o culto a santos relacionados a diversas causas. Cada um tem o seu dia, com suas respectivas celebrações. Um dos santos mais populares é o São Longuinho, que é evocado quando perdemos ou não conseguimos encontrar algo. Mas diferente de outros santos, para ele não há festas nem romarias, como no caso de São Pedro (O santo das chuvas), São João e Santo Antônio (o santo casamenteiro), comemorados nas dionísicas festas juninas. Esse último é provavelmente o mais popular, sendo a encenação de um casamento na roça tradicional antes do início das quadrilhas. No caso das romarias, Steil (2017, 68) considera-as um bom exemplo da peculiaridade do sincretismo religioso do catolicismo popular tradicional:

Traditional religious celebrations are marked by a series (sic) overlapping symbols, strategically deployed by religious actors in order to congregate, at the same event, the diversity of beliefs and rituals diffused across Brazilian society.

Steil, Carlos (2017) Traditional Popular Catholicism in Brazil. In: Schmidt & Engler. Handbook of Contemporary Religions in Brazil. Leiden, Brill.

Algumas romarias chegam a reunir milhões de devotos, muitos dos quais pagam promessas, agradecem por conquistas e graças alcançadas ou pagam penitências, como deslocar-se a pé até os santuários ou seguir as procissões de joelhos. Em 2011 cerca de 20 milhões de pessoas participaram de romarias pelo Brasil (Steil 2017, 61). Dentre as maiores e mais populares estão a de Nossa Senhora Aparecida (1711), a santa negra padroeira do Brasil, à qual é dedicado o feriado do dia 12 de outubro; o Círio de Nazaré (1793), que tem lugar em Belém e homenageia Nossa Senhora de Nazaré; e a romaria do Padre Cícero, “o santo mais importante do catolicismo popular brasileiro” (idem 62), em Juazeiro do Norte no Ceará.

Círio de Nazaré

Veja o depoimento da cantora Gabi Amarantos

Padre Cícero

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